Gestação

Enfim, as vagas nos estacionamentos

Mamatraca

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  • Paola Saliby/UOL

    Mulheres grávidas ou com bebês de colo têm problemas de mobilidade tanto quanto os idosos

    Mulheres grávidas ou com bebês de colo têm problemas de mobilidade tanto quanto os idosos

Na semana passada, entrou em vigor uma lei que obriga estacionamentos de shopping centers, centros comerciais e hipermercados da cidade de São Paulo a reservar vagas de estacionamento para gestantes e mães de bebês de colo até dois anos. A lei deve ser regulamentada em até 90 dias.

Ouvi algumas pessoas dizendo ser um absurdo essa nova legislação, talvez naquela mesma linha do "gravidez não é doença" que ouvimos das velhinhas enfezadas nas filas preferenciais dos bancos e supermercados. Pois eu acho que essa lei é importante sim. Mulheres em tais condições –grávidas ou com bebês de colo– têm problemas de mobilidade tanto quanto os idosos. Algumas mais, outras menos, assim como há idosos com mais dificuldades e outros extremamente saudáveis.

E ainda digo que é uma pena que essa lei não existiu nos meus tempos de poder usufruí-la. Nunca me esqueço do dia em que precisei ir ao shopping, quando estava no final da gravidez, para buscar uma roupa na lavanderia que ficava na ala de serviços. O estacionamento estava lotado. Eu, com aquele barrigão enorme, quase parindo, dei voltas e voltas e não encontrei nenhuma vaga. Perguntei ao segurança se haveria uma vaga preferencial em que pudesse estacionar, e ele respondeu que não, que gestantes não tinham preferência. Tive de ficar no carro aguardando até que um carro saísse. Exausta, naquele estacionamento abafado. Poderia ter passado muito mal.

E com bebês? A situação é ainda muito pior. Sair com o bebê, o carrinho, a bolsa e o bebê-conforto do carro é um exercício de malabarismo de grau avançado. E quando se tem dois filhos ou mais? Em meio às vagas, cada vez mais apertadas nos estacionamentos de uma forma geral, o contorcionismo é de causar inveja. Poder contar com uma vaga um pouco mais larga e em locais próximos às entradas desses centros comerciais é um benefício que só quem passa por tais apertos sabe o quanto não tem preço.

Está certo que o Brasil é um dos poucos países que oferece tais privilégios de preferência a gestantes e mulheres com bebês de colo. Em vários outros países do mundo, você pode estar com um bebê recém-nascido em alguma imensa fila que dificilmente alguém vai se importar com você. Seu direito é igual ao de qualquer outro cidadão, portanto, aguarde sua vez.

Há também gente que abusa. Isso é fato. Como há gente que abusa em tudo nesse país em que a educação infelizmente não é a maior qualidade. Há quem dê jeitinho para tirar os pontos da carteira de motorista, há quem contrate idosos e deficientes para ficar em filas. Possivelmente haverá mulher folgada inventando que está grávida para usar tais vagas. Mas eu ainda sou daquelas que acho injusto se nivelar a lei por quem a transgride. O que precisa haver é punição para os infratores, isso sim.

Roberta Lippi

Roberta Lippi, jornalista, é mãe da Luísa (6 anos) e da Rafaela (3 anos). É uma das blogueiras mais antigas na área de maternidade e está sempre antenada nas discussões sobre educação e comportamento. Vive uma mistura de fases em casa, e rebola para conseguir não deixar cair nenhum pratinho. Sente que se tornou uma mãe muito melhor por causa da internet, lugar onde encontrou a informação de qualidade e a verdade que não achou nos livros e nos consultórios de pediatra. Prefere a linha do "equilíbrio", ou do "meio termo" na maioria das vezes, mas também sabe rodar a baiana quando acha que deve. www.mamatraca.com.br

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