"Quando você for mãe, vai entender". Não sei quantas vezes ouvi essa frase quando criança e adolescente. Hoje posso dizer que, olha, praga de mãe pega mesmo. Porque quase todos os dias, nessa correria louca de tentar equilibrar os pratinhos da vida familiar, doméstica e profissional, eu me lembro da minha mãe. E o pior: constato que, depois da maternidade, estou, cada dia, mais parecida com ela.

Depois de passar muitos anos construindo a nossa identidade e trajetória como jovens e adultos, encontrando e trilhando nosso próprio caminho, sinto que a maternidade representa um importante retorno à nossa essência, à infância.

Estreita a relação com nossos pais. Além de encontrar nela meu porto-seguro de sempre depois de me tornar mãe, busquei também, inconscientemente, as referências que tive dela como mãe de três filhos pequenos.

E, sem perceber, acabo inclusive replicando nas crianças inúmeros comportamentos que eu mesma criticava quando pequena.

Por exemplo:

– Minhas filhas não saem de casa sem ter na mochila um casaquinho e uma troca de roupa. Pode estar o maior calor, mas sempre acho que pode esfriar e que elas podem passar frio;

– Fiquei conversadeira como a minha mãe. Adoro puxar papo por aí;

– Quero que as pessoas perguntem das minhas filhas, quero falar sobre elas para todo mundo. Não chego aos pés da minha mãe, mas ainda não dá pra saber como estarei aos 60 anos;

– Posso fazer quantas críticas eu quiser sobre as minhas filhas, mas que ninguém de fora venha falar mal delas que eu me transformo;

– Gostaria, como ela, de puxar para mim qualquer mal que possa vir a acontecer para as meninas. Sei que não posso e não devo protegê-las do mundo, da vida como ela é, mas é muito sofrimento ver filho sentindo dor, doente, passando por qualquer tipo de agressão do mundo ou das pessoas. Acho que essa parte é uma das mais difíceis da maternidade.

As preocupações, o zelo, a proteção e o amor incondicional são coisas que as nossas mães sempre falaram, mas a gente, realmente, só passa a entender depois que tem um filho.

Nem imagino como eu vou me comportar quando as minhas garotinhas virarem adolescentes e chegarem de madrugada em casa. Minha barriga gela só de pensar. Medos, muitos medos. Talvez para o resto da vida.

Assim como a minha mãe se preocupa com os três filhos marmanjos até hoje. Quer sempre saber se chegamos bem em casa e se comemos direito.

Acho que, no fundo, mais do que estar parecida com a minha mãe, passei a compreendê-la melhor. Vejo de forma diferente seus erros e acertos. Minha mãe é um exemplo de vida, um ser espiritualmente evoluído. Só quem conhece o que ela já passou sabe do que estou falando. E está ali, sempre sorrindo, nunca se fazendo de vítima. Se um dia eu chegar a um terço do que ela é como ser humano, tenho certeza de que terei cumprido bem a minha missão nessa vida.