A publicidade e seu poder de sedução sobre as crianças
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Paola Saliby/UOL
As crianças não são influenciadas pela publicidade, são bombardeadas por ela
Eu não diria que sou uma pessoa avessa ao consumo: algumas coisas que gosto muito, como bolsas e sapatos, definitivamente, compro em maior quantidade do que preciso. Mas sou adulta, compro com o meu dinheiro e tenho discernimento para fazer as minhas escolhas baseadas naquilo quero consumir e não pautada pela propaganda. Já as crianças... Elas não são influenciadas pela publicidade –são bombardeadas por ela.
"Mãe, quero aquele suco de caixinha do personagem x!", "mãe, compra aquele brinquedo pra mim?", "todo mundo da minha sala tem aquela boneca que fala e faz xixi, só eu que não!", "mãe, compra aquela marca de sabão em pó, vi na televisão que é boa pra lavar roupa de criança!".
Mediar o contato das crianças com a propaganda é uma tarefa árdua. Mesmo para aquelas famílias com uma postura mais radical, que não deixam os filhos assistirem a televisão. As referências chegam de outras formas, como por meio dos amigos.
Não há como escapar. Até escolas recebem propaganda disfarçada, como artistas campeões de produtos licenciados que fazem show de graça em troca de poder oferecer CDs e DVDs para os alunos (de forma que os pais se sentem obrigados a comprar).
Vocês já fizeram as contas de quantos comerciais de brinquedos passam no intervalo dos canais infantis da TV a cabo? É de fato muito difícil para uma família competir com tamanho apelo e sedução.
Mas, na era em que vivemos, em que o consumo virou moeda de poder e de comparação na infância e na vida adulta, ceder a todos os pedidos das crianças seduzidas pelos encantos da publicidade pode ser uma grande armadilha na transmissão de valores aos nossos filhos.
Roberta Lippi
Roberta Lippi, jornalista, é mãe da Luísa (6 anos) e da Rafaela (3 anos). É uma das blogueiras mais antigas na área de maternidade e está sempre antenada nas discussões sobre educação e comportamento. Vive uma mistura de fases em casa, e rebola para conseguir não deixar cair nenhum pratinho. Sente que se tornou uma mãe muito melhor por causa da internet, lugar onde encontrou a informação de qualidade e a verdade que não achou nos livros e nos consultórios de pediatra. Prefere a linha do "equilíbrio", ou do "meio termo" na maioria das vezes, mas também sabe rodar a baiana quando acha que deve. www.mamatraca.com.br