Infância

Brincadeira não tem hora

Mamatraca

Mamatraca

  • Paola Saliby/UOL

    As crianças estão interagindo cada vez menos em suas brincadeiras, dando preferência a jogos eletrônicos

    As crianças estão interagindo cada vez menos em suas brincadeiras, dando preferência a jogos eletrônicos

Nos últimos dias muito se falou nos blogs e sites maternos sobre a Semana Mundial do Brincar. O Mamatraca não ficou de fora e também preparou postagens especiais relacionadas ao tema. Mas por que promover uma semana de mobilização sobre esse ato tão abrangente e natural? Sendo que as brincadeiras não têm nem hora nem lugar para acontecer, basta a vontade de se divertir.

É triste e ao mesmo tempo alarmante observar que nossos pequenos estão interagindo cada vez menos durante as brincadeiras, dando preferência a jogos solitários. Não é preciso ser nenhum expert para comprovar esse fato. É só olhar ao redor e constatar que nas mãos das crianças tem quase sempre um aparelho eletrônico a postos para distraí-las.

Indo na contramão dessa tendência, existe uma crescente valorização do incentivo às brincadeiras livres, que trazem poucas regras e estruturas, deixando meninos e meninas soltos para inventarem possibilidades para suas histórias sem a interferência de adultos criando regras, estipulando tempo e restringindo o espaço para acontecerem.

Tomo emprestado as palavras dos organizadores desse movimento, a ONG Aliança pela Infância, que souberam explicar, com bastante clareza, o que deve ser uma brincadeira a ser preservada:

– Atividade essencial com fim em si mesma;

– Instrumento de expressão e desenvolvimento da criança;

– Resgate cultural das brincadeiras de rua e vivências lúdicas;

– Fonte de aprendizado, transmissão de saberes e de educação para todos;

– Expressão cultural que promove encontros entre membros de gerações diferentes;

– Criador de vínculos sociais e de comunicação;

– Lazer e fonte de prazer.

Quem diria que o simples ato de brincar carrega em si tanta seriedade e responsabilidade, não é? Pois é brincando que a criança começa a ter noção de seu papel dentro da sociedade, fantasiando situações, ensaiando atos, simulando e, por que não também?, gerando conflitos. Mas para isso ela precisa ter seu tempo de elaboração e de infância respeitado.

Alguns especialistas também sugerem que uma das maiores perdas que podemos sofrer é deixar ir embora a capacidade de brincar. Ela deveria ser perpetuada nos adultos como forma de preservar o entusiasmo pela vida.

Posto isso, eu tenho uma proposta para todos aqueles de espírito jovem: façam o exercício de deixar uma criança te conduzir pela próxima brincadeira que ela inventar e embarque de corpo e alma nesse convite para entrar no mundo fantástico revelado por ela.

Priscilla Perlatti

Priscilla Perlatti trabalhou durante anos com turismo e depois que se tornou mãe da Stella (7 anos) e da Lia (5 anos) se assumiu designer. Já superou as preocupações com chupetas e desfralde (apesar que as birras ainda são bem comuns) e agora enfrentauma nova etapa com questões como dentes moles, alfabetização e o desapego na criação – esse último uma demanda das filhas já crescidas. Costuma dizer que hoje exerce uma maternidade reativa, pois os anos de experiência levaram embora a ansiedade em se antecipar às possíveis necessidades das crianças e trouxeram calma e serenidade para lidar com os infinitos desafios de ser mãe. Também gosta muito de falar de turismo e lazer com crianças. www.mamatraca.com.br

UOL Cursos Online

Todos os cursos